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foto Fragmentus
Na verdade, a brisa era transparente, assumindo o cinza-(a)mar, o castanho-terra e o verde-prado; olhar tricolor que pretendia desvendar, com o auxílio do azul celeste que lhe soprava um quê de infinitude, e mistério.
No silêncio da madrugada, aquietava-se no subtil reflexo de raio lunar e voava, nesse mesmo instante, em projecção de desejo e resquício de memória.
De repente, fazia-se onda por que à sua passagem, sentia o mar a doce convicção do seu tocar. A brisa viajava, então, rumo à montanha que a (a)guardava em quase-inércia, e sussurro. Revestida de pretensa razão, como máscara de coração mas a brisa sabia da flor, do ribeiro e da neve, do (en)canto dos pássaros e da solidão que eram a sua expressão mais profunda, e bela, de si mesma.
Havia cor, som, movimento que dela emanavam quando assim fluía como poesia pura e, como bailarina das estrelas, a brisa cantava e dançava, rodopiante, por entre abraços e suspiros. Ela própria se fundia, como que por magia, na essência da montanha e viajava num simultâneo além e perto de si.
Já quase amanhecia e era hora de acordar a montanha, sacudindo ao de leve as pétalas das flores campestres, agitando cuidadosamente a palha dos ninhos, escorregando na água fresca do ribeiro, fazendo voar a neve em gotas cristalinas que acordariam, assim, aquele olhar de anjo perdido em infinito de si.
Schiuuuu...Sentiste? Acorda devagar, meu amor.
E a fada-nuvem murmurava: "estás apaixonada, brisa".
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